sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Primeira.

Pela primeira vez eu quase sinto o que se diz ser a distância dos presentes. Tido como quase apático, tenho em mim  a distância que vai de um ser humano a outro e que penso ser menor do que a existente entre estrelas. Vivi em um mundo habitado por estranhos próximos, calorosos amigos, mulheres bonitas o bastante para alimentar a imaginação e tudo isso permeado por enormes distâncias diárias: trabalho a 40km "de casa", estudo a 30. Anonimato defendendo os pequenos toques, cenas imaginárias ou vistas entre o sono e o sonho. Vi, amei ou tive a mulher a meu lado? Quem era aquela?
Assim, tendo percorrido percursos imaginários, ouve-se, ao fim da rota "para quê?".
Isso me perturba, tira o pouco de sono definido como saudável, devolve uma vagarosa ansiedade: terei que consumir mulheres? percorrer estradas? andar em praias desertas pensando ser magia o que na verdade é fumaça?
Perturbarei a paz ou incomodarei funcionárias públicas? Temerei enfermeiros ou retiro outra parte de meu corpo enquanto dá? Pago o cinema?
Farei um desenho?
Príncipe Suzano. A mitológica mulher nervosa, sabe-se lá por quê, em visões alternativas não persegue seu amante?
Quem se importa - amar a frase que ouvi: Who cares? E, em minha mitologia, amar frases é igual a amar cachorros, que estes, como diria um bêbado morto, sabem que amar é abanar o rabo.
Feliz dezembro.
Wagner Lopes.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Seminário de Crítica Literária no Itaú. João Cezar de Castro Rocha.

Mais uma passagem para assistir ao seminário de crítica do Itaú. Evento bienal, assumiu o formato de um concurso para publicação de estudos críticos em livro - neste ano saiu o segundo volume - acompanhada da realização de debates ou oficinas no Instituto Itaú, de SP.

A primeira coincidiu com a oportunista comemoração (?) de centenário da morte de Machado de Assis (hein?) e não se pode escapar de ouvir uma ou outra bobagem em torno do tema. Entretanto, foi justamente um estudioso de Machado de Assis a grande presença em ambas as edições, João Cezar de Castro Rocha. O professor tem trazido uma visão menos pesada sobre os temas literários, sobre a crítica e mesmo sobre a universidade, e sua exposição passional faz valer a pena assistir a suas intervenções. Participou de ambas as edições e parece mesmo ter-se tornado uma espécie de consultor para o evento (http://conexoesitaucultural.org.br/biblioteca/os-novos-caminhos-da-literatura-brasileira-no-exterior/). Pelas suas contribuições, já o evento pode se considerar justificado. Wagner Lopes Pires

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Valdir Lira. Lançamento de CD. Boa MPB.

Sai o CD com composições do Valdir Lira, e passo às pressas a informação que tenho. Valdir é violonista, baixista e outras coisas boas nas cordas, e já era demasiado longa essa espera por ouvir sua obra gravada. Segue o texto. Abraços. Wagner Lopes Pires.

"Gente, ouçam no link abaixo as minhas composições em parceria com o Edu Leal, Violas, Violões e Espiral. As outras também estão maravilhosas e não percam o Show dia 17 próximo no Espaço Cachuera. Valdir Lira"

http://www.myspace.com/edulealcompositor/music/songs/08-espiral-85631194

domingo, 4 de dezembro de 2011

Ganhar ou perder, mas sempre com DEMOCRACIA

Sócrates democrático Brasileiro. Na minha vida pude ver alguns gênios, alguns em ação, outros falando, outros, simplesmente tomando café. Sócrates é um desses. Outros, Maurício Tratemberg e Rachel de Queirós.
Incrivelmente, todos políticos, libertários, extraordinários.
Eu tinha 8 anos quando vi, estampada na revista, a foto pedagógica do Corinthians - campeão paulista - com a faixa "Ganhar ou perder mas sempre com democracia". Havia algo em jogo além do jogo. Minha consciência incipiente percebeu. Como não perceber?
Sócrates era o maior gênio em uma geração de gênios: Zico, Maradona, Reinaldo e Luís Pereira.
Seus toques, nada menos do que mágicos, eram desconcertantes; seus dribles, irritantes de tanta beleza.
Por essas - talvez - teve a responsabilidade de apresentar a tarja de capitão da maior seleção de todos os tempos, capitaneando Zico, Júnior e Leandro, Cerezo, Falcão e Éder. Treinado por Telê Santana.
O time dos sonhos levava a sina dos revolucionários: encher de amor o planeta, desta vez sob o nome de ARTE. No Brasil, a legenda Sócrates derrubava tabus: jogador bêbado (todos são?), político (muitos são)  inteligente (todos são?). A ponto de preferir formar-se em Medicina antes de dedicar-se ao dom máximo que teve.
"Eu tive que inventar um jeito diferente de jogar, devido ao meu tipo físico". "Ia jogar no São Paulo, o Corinthians apenas entrou na negociação para atrapalhar". Citações de memória.
Imprevisível, apenas sua fala era prevista: cortante, firme e geralmente "seca", acompanhada, algumas vezes, pelo riso inteligente. Por isso assistia, quando podia, suas intervenções na televisão Cultura, de São Paulo.
Inteligência que brilha, como um poema.
Sócrates, como Djalminha e Edmundo, nossos "contemporâneos", ou Garrincha, para os mais velhos, mais do que outra coisa é a subversão do futebol. Um Neymar.
A inteligência que dança. Por Sócrates. Um Brasileiro. Ganhar ou Perder. Mas sempre com Democracia. Wagner Lopes Pires