domingo, 29 de janeiro de 2012

Jean Narciso, poeta, por Vinícius Gonçalves de Andrade, "Memórias de um Aqualouco"

Saiu livro de poesias de Jean Narciso. E Vinícius Gonçalves de Andrade não deixou passar em branco.  A seguir,  texto sobre a publicação. O próprio Jean nos enviou link, informando onde e como encontrar o livro que, de certa forma, comemora dez anos de publicação do autor, neste 2012. Toda força, Jean. Leiamos, divulguemos, passemos adiante.




"MEMÓRIAS SECAS DE UM AQUALOUCO E OUTROS POEMAS” E A POÉTICA DE JEAN NARCISO (por Vinícius Gonçalves de Andrade)

A poética de Jean Narciso adquire consistência maior quanto mais é abstraída de uma relação com a realidade.
A imaginação, cindida da vida, é recuperada para englobar a existência no plano da representatividade, Destarte, não mais estamos diante da crítica social, do registro documental ou da literatura que busca antecipar-se aos fatos. Em “Memórias secas de um aqualouco e outros poemas”, o poeta insere o indivíduo e a idiossincrasia na execução de um projeto interpessoal, e renova a universalidade do ser como o mais primordial dos temas e dos mitos. Quem é o aqualouco de posse desta identidade senão o homem à espera de um reflexo, de uma referência com a qual possa seguir sem o vazio e a lacuna do esquecimento? O aqualouco tenta inaugurar um futuro sem esquecer de si, e investe nesta empreitada sua essência. Mergulhar, pular, saltar, lançar-se: toda a ação futura depende da origem na ação pretérita. A mensagem possível: não há surgir para a eternidade fora da linha do tempo. E consagrados no tempo jazem os brios do ego a orbitar em torno de ego. O esforço de entendimento e de compreensão passa a ser objeto de questionamento; aqui, qualquer método interpretativo é ilusório; qualquer corrente de interpretação se anacroniza: o aqualouco vive em um mundo obscuro e sem méritos. E no hermetismo do enredo não nos é dado desvelar todos os desígnios. A perda se adensa na extensão do poema. A liquidez das etapas pode ser sinonímia de todos os esgotamentos possíveis. O aqualouco, ser da anomia, guarda em si a totalidade dos percursos e destinos. A trajetória humana, confundida com a “dramaturgia do pulo”, está aberta ao veredicto das mais diversas (ou disparatadas) subjetividades. "
Informações adicionais


Nome: Memórias secas de um aqualouco e outros poemas
Autor: Jean Narciso Bispo Moura
Editora: Beco dos Poetas
76 páginas


ISBN 9788562337345

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